OTRV – obrigações do tesouro de rendimento variável

Desde dia 26 de abril de 2016 que existe um novo produto de poupança associado ao Estado, são as OTRV – obrigações do tesouro de rendimento variável, que desta forma se junta aos Certificados de Aforro (CA) e aos Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM).

É importante salientar, que embora estas obrigações do tesouro nacional sejam adquiridas nos bancos, as mesmas não foram amplamente divulgadas pelas entidades bancárias, uma vez que concorrem diretamente com os seus próprios produtos e serviços.

As mesmas são muito semelhantes às OT – Obrigações do Tesouro, no entanto o seu rendimento é variável e funcionam a médio / longo prazo com uma taxa de juro nominal variável.

Vamos explicar-lhe o que são as OTRV – obrigações do tesouro de rendimento variável, de modo a que possa saber como funcionam as mesmas.

Como funcionam as obrigações do tesouro nacional

As OTRV têm características mistas entre as Obrigações do Tesouro (serão negociadas na bolsa, por exemplo) e os Certificados de Aforro (com taxa de juro correspondente a Euribor a 6 meses, acrescida de um prémio de 2,2%).

Tendo em conta que a mesma se encontra atualmente negativa, o valor de indexante a considerar é de 0%, sendo este o motivo pelo qual a taxa mínima garantida seja igual ao valor do prémio.

A margem é fixada no início de cada subscrição, mantendo-se pelo tempo total da mesma, no entanto a taxa de juro pode variar em cada semestre, em função da evolução da Euribor a 6 meses.

Embora as OTRV – obrigações do tesouro de rendimento variável tenham diversas vantagens (como a duração, a variação da taxa de juro, o montante de subscrição…) tem uma grande desvantagem quando comparada com outras obrigações do Estado.

Uma delas passa pelo facto de o capital aplicado apenas ser garantido na maturidade, ou seja, caso queira resgatá-las antecipadamente terá de as vender em mercado, sujeitando-se ao preço que alguém estiver disposto a pagar por elas (embora isso não seja significado de perdas, é um risco muito elevado tendo em conta as incertezas do mercado financeiro).

De forma bastante resumida, podemos dizer que as OTRV são produtos de dívida, significando que estará a emprestar dinheiro ao Estado Português, em troca do pagamento de uma taxa de juro.

As suas principais características são:

  1. Montante mínimo de subscrição – 1.000€ e montante máximo de 1.000.000€;
  2. Taxa de juro – Euribor a 6 meses + 2.20% (a taxa mínima é de 2.20% o mesmo será dizer que não admite Euribor negativa);

É importante salientar que a aquisição deste tipo de obrigações do tesouro português, não é isenta de riscos associados.

Embora neste caso os mesmos sejam relativamente reduzidos, eles existem, e os principais são:

  1. Risco de crédito – Embora seja um risco bastante pequeno, é importante salientar que o mesmo pode ocorrer, caso o Estado Português não consiga pagar o seu dinheiro de volta;
  2. Risco de taxa de juro – Se as taxas de juro de mercado subirem, os preços destas obrigações são pontualmente afetados. No entanto, como são obrigações de taxa variável, o risco é mais reduzido;
  3. Risco de mercado – Se não mantiver as obrigações até à maturidade pode correr o risco de vender as obrigações por valores diferentes do valor de compra.

Sobre a OTRV – Maio 2021

O reembolso da primeira leva das OTRV ocorreu em maio de 2021, e durante este período muitos clientes bancários receberam o contato dos seus gestores de conta para subscrever a nova leva.

Mas, ao que tudo indica, a Euribor a seis meses não deverá sair de terreno negativo nos próximos cinco anos.

Isso significa que os investidores não devem contar receber uma taxa de juro superior a 2,2%.

Apesar de não ser negativa, a cotação da Euribor a seis meses em 2021 não deverá distanciar-se muito do zero.

Além disso, após o desconto de 28% associado ao imposto sobre o rendimento, a rentabilidade anual líquida das OTRV desce para 1,61%.

Outra questão que também deve ter em conta é que contrariamente ao que acontece com os produtos que são comercializados nos CTT (CA – certificados de aforro e CTPM – certificados de tesouro poupança mais) estas obrigações do tesouro de rendimento variável são comercializadas pelas entidades bancárias.

Ou seja, vão acarretar comissões de compra e venda, assim como comissões de manutenção de conta (custódia de títulos) e de recebimento de juros.

É importante salientar que embora esta primeira oferta pública das OTRV – obrigações do tesouro de rendimento variável já não seja possível de subscrever, está previsto que sejam abertas posteriormente mais ofertas.

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Categorias: Investimentos
Ricardo Rodrigues: CEO e Fundador da RRNValores Unipessoal, Lda, Ricardo Rodrigues gere uma equipa formada por consultores, criadores de conteúdos e programadores que desenvolvem e mantêm uma plataforma gratuita com informação e comparação de produtos bancários. Formado em Engenharia Civil pelo Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL) e apaixonado pela área Financeira, criou o nvalores.pt em Agosto de 2013 com a missão de garantir uma comparação independente de produtos bancários em Portugal. Exerceu funções de consultor financeiro independente na Empresa Maxfinance, nomeadamente assessoria na obtenção de crédito pessoal, crédito consolidado, crédito automóvel, cartões de crédito, crédito hipotecário, leasing, seguros e aplicações financeiras. Email: geral@nvalores.pt